Renegou-se a si mesmo.
Guardou o remorso de não ter vivido a tristeza, o desespero, as alegrias e as suas paixões.
Queria ter-se dado à terra, a vida, a alguém.
Queria falar ainda, queria pedir perdão, não pelo que fez mas pelo que não fez.
Queria pedir perdão, por ter mentido à vida, por ter enganado o desejo com a falsa promessa de um "mais tarde".
E como tantos homens, quando começou a deslocar a mascara, somente no último suspiro, percebeu que morrer virgem de si próprio... morreu sem nunca ter vivido.
E neste processo de reflexão deparei-me com um estudo de uma médica australiana que recolheu os 5 maiores arrependimentos dos seus doentes no momento da morte e resolvi inclui-los nesta obra.
Para quando a lagarta pensar que é uma morte seja apenas uma metamorfose.
Gostei desta escultura.
Setúbal, 23 de Setembro de 2017